Cinco pessoas foram presas na 2ª fase da Operação Decantação, que mira desvios na Companhia de Saneamento de Goiás. Conforme a PF, foram apreendidos R$ 1,8 milhão com dois dos suspeitos. Justiça ordenou o sequestro de imóveis avaliados em R$ 35 milhões.
A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (28) cinco pessoas e cumpriu
oito mandados de busca e apreensão na Operação Decantação 2, que
investiga fraude em licitações e desvio de dinheiro na Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago). O ex-governador José Eliton (PSDB) é
alvo de mandados de busca. Conforme a PF, foram apreendidos R$ 1,8
milhão com dois suspeitos.
Em nota, a assessoria de José Eliton informou que ele está em Posse, no
interior de Goiás, numa audiência como advogado, mas retorna nesta tarde
para Goiânia. Conforme o texto, o ex-governador "confirma que a PF
cumpriu mandado de busca e apreensão em seu apartamento na capital,
em que foi apreendido um computador, usado por seu filho mais novo".
Ele informou ainda que dará uma declaração assim que tiver acesso ao
inquérito da continuação da Operação Decantação.
De acordo com a Polícia Federal, empresários, dirigentes da empresa e
agentes públicos são investigados pelos desvios. As buscas são feitas, conforme a polícia, em endereços de investigados e pessoas ligadas ao
ex-governador, em Goiânia e Aparecida de Goiânia, na Região Metropo-
litana da capital.
Durante as buscas, os policiais acharam uma mala com cerca de
R$ 800 mil e armas na casa de Gisella Silva de Oliveira Albuquerque.
Ela é filha de Luiz Alberto de Oliveira, ex-chefe de gabinete do
ex-governador Marconi Perillo (PSDB), que renunciou ao cargo para
concorrer à eleições de 2017. No carro de Luiz Alberto, os policiais
encontraram R$ 1 milhão. Pai e filha estão presos.
Também foram presos durante a operação: Carlos Eduardo Pereira
da Costa, Nilvane Tomás de Sousa Costa e Robson Borges Salazar.
O G1 tenta localizar a defesa dos cinco presos durante a operação.
Os mandados judiciais também envolvem sequestro de 65 imóveis,
avaliados em R$ 35 milhões.
Desvio de dinheiro
A polícia informou que os desvios investigados na operação
realizada nesta manhã ocorreram na gestão de José Eliton.
De acordo com a PF, foi constatado que três empresas, de um único
dono, foram beneficiadas em contratos com a Saneago, mesmo com "impedimentos fiscais e não sendo especialistas na prestação dos
serviços demandados, o que indica direcionamento de licitação".
Segundo as investigações, parte dos recursos recebidos pela
prestação de serviços à Saneago era repassada para o chefe de
gabinete do então governador do estado. Também há indícios de
que as empresas eram utilizadas para lavagem de dinheiro, pois
conforme a PF, ficou comprovada transferência de valores na ordem
de R$ 28 milhões entre o chefe de gabinete do ex-governador e a
conta de uma das empresas.
A investigação apontou ainda que José Eliton usou, por várias vezes,
um avião de propriedade de uma das empresas beneficiadas pelos
contratos.
De acordo com a PF, os envolvidos devem responder, na medida de
suas participações, pelos crimes de associação criminosa, peculato,
corrupção passiva, corrupção ativa, fraudes em processos licitatórios
e lavagem de dinheiro.
Operação Decantação
A 1ª fase da Operação Decantação foi realizada em 24 de agosto de 2016. Na época, foram cumpridos 120 mandados judiciais em Goiânia, Aparecida de Goiânia, Formosa e Itumbiara, em Goiás, além de São Paulo e Florianópolis (SC). Entre os presos estavam políticos e funcionários do alto escalão da Saneago.
Em setembro de 2016, o Ministério Público Federal denunciou 35 pessoas envolvidas nos desvios de verba da companhia. As investigações apuraram que o prejuízo aos cofres públicos foi de R$ 5,2 milhões, referente ao sobrepreço em contrato de duas obras da Saneago.
Empresários, donos de construtoras e servidores da Saneago foram denunciados por crimes como peculato, corrupção passiva, corrupção ativa, organização criminosa, lavagem de dinheiro e fraudes em processos licitatórios.
De acordo com a denúncia do MPF, a Saneago contratou uma empresa de assessoria, que fazia licitações de forma a direcionar o resultado da seleção para que as vencedoras fossem as empresas participantes da fraude. Em troca, as companhias repassavam dinheiro em forma de propina, pagamento de dívidas de campanhas, repasse para OS e até coquetéis feitos dentro do palácio do governo em nome do órgão.
Interceptações telefônicas feitas com autorização da Justiça durante a Operação Decantação, obtidas pela TV Anhanguera, mostram quedívidas de campanhas eleitorais também tinham sido pagas com verba da Saneago.
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